Durante décadas, o debate sobre a presença feminina no Direito concentrou-se na representatividade, o simples fato de ver mais mulheres nas universidades, escritórios e tribunais já era considerado um avanço. Mas, em 2025, a pauta evolui: não basta estar presente; é preciso influenciar, decidir e transformar.
O protagonismo feminino no Direito representa esse novo capítulo. Ele se manifesta quando as mulheres ocupam espaços de poder, moldam decisões e inspiram mudanças estruturais, não apenas para si, mas para toda a sociedade.
Como defende o WLM – Women in Law Mentoring Brazil, “não basta estar à mesa, é preciso participar das decisões que definem o futuro.”
De representatividade à influência: o que muda na prática
A representatividade é o primeiro passo. Mas o protagonismo feminino é o movimento que transforma presença em influência.
Hoje, as mulheres já representam cerca de 50% da advocacia brasileira, segundo dados do Conselho Federal da OAB, mas ainda são minoria nos espaços de decisão. De acordo com o Relatório “Justiça em Números” do CNJ (2023):
Apenas 38% dos magistrados são mulheres. Entre desembargadoras, a proporção cai para 25%. Nas cortes superiores, menos de 20% das cadeiras são ocupadas por mulheres.
Esses números mostram que, embora as mulheres tenham conquistado presença, o poder de decisão ainda é predominantemente masculino.
E por que isso importa?
Porque diversidade de gênero é também qualidade institucional. Estudos da ONU Mulheres indicam que organizações com maior equilíbrio de gênero tomam decisões mais éticas, colaborativas e inovadoras. No Direito, isso se traduz em uma justiça mais plural, empática e eficaz.
O protagonismo feminino no Direito não é uma pauta individual, é uma questão de equidade, eficiência e democracia institucional.
As barreiras invisíveis ao protagonismo feminino
Se a presença feminina é crescente, por que a influência ainda é limitada?
A resposta está nas barreiras invisíveis, obstáculos sutis, mas persistentes, que dificultam a ascensão e a permanência de mulheres em posições de liderança.
Síndrome da impostora
Pesquisas da KPMG (Women’s Leadership Study, 2022) revelam que 75% das mulheres já sentiram que não mereciam seu sucesso profissional. No ambiente jurídico, essa sensação é amplificada pela cultura de alta performance e pela escassez de modelos femininos de liderança.
Interrupções e descredibilização
Um estudo da Harvard Business Review mostra que mulheres são interrompidas 33% mais vezes do que homens em reuniões. Essas microinterações, a fala cortada, a ideia ignorada, corroem a autoconfiança e reforçam desigualdades de voz e poder.
Carga mental e desigualdade de tempo
Segundo o IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2022), as mulheres dedicam 21 horas semanais ao trabalho doméstico, o dobro do tempo dos homens. Essa sobrecarga reduz oportunidades de networking, estudos e visibilidade profissional.
Falta de modelos e redes de apoio
Sem referências femininas em cargos estratégicos, o ciclo se repete: sem exemplos, há menos inspiração; sem inspiração, há menos mulheres candidatas a posições de poder.
O protagonismo feminino exige ações estruturais e comunitárias, não apenas esforço individual.
O papel do WLM na construção desse protagonismo
É nesse cenário que o WLM – Women in Law Mentoring Brazil se destaca como uma iniciativa transformadora.
Fundado para fortalecer mulheres em suas carreiras jurídicas por meio da mentoria, da troca e do apoio mútuo, o WLM atua para transformar representatividade em influência real.
Mentoria como instrumento de aceleração
Os programas de mentoria do WLM criam pontes entre gerações de mulheres na advocacia, conectando jovens profissionais a líderes experientes que compartilham aprendizados, desafios e estratégias de superação. Segundo o próprio programa, 97% das mentoradas relatam impacto positivo em suas carreiras, e 77% registram aumento de oportunidades ou rendimentos após o ciclo anual.
GTs e GEs como espaços de protagonismo coletivo
Os Grupos de Trabalho (GTs) e Grupos de Estudos (GEs) funcionam como laboratórios de liderança. Neles, as associadas idealizam e executam projetos, eventos e campanhas com impacto regional e nacional, transformando ideias em ação.
Exemplos reais de liderança feminina
Entre os resultados concretos:
- Criação de núcleos regionais e à equidade de gênero.
- Organização de eventos sobre diversidade e inovação jurídica.
- Publicações e pesquisas que ampliam o debate sobre o papel das mulheres no Direito.
Essas iniciativas mostram que o protagonismo surge quando as mulheres se permitem agir, colocam suas ideias em movimento e inspiram outras a fazerem o mesmo.
Como fortalecer o protagonismo feminino na carreira jurídica
O protagonismo é uma jornada contínua, individual e coletiva. Confira práticas essenciais para fortalecer essa trajetória:
Desenvolver autoconfiança e comunicação assertiva
Aprender a se posicionar, falar com clareza e reivindicar espaço. Mentorias, treinamentos de oratória e feedbacks construtivos ajudam a consolidar essa postura de liderança.
Construir e participar de redes de apoio
Participar de comunidades como o WLM, eventos de networking e grupos temáticos expande a visibilidade e o senso de pertencimento.
Transformar propósito em ação
Protagonismo é atitude. Projetos sociais, mentorias e iniciativas de diversidade são formas práticas de exercer liderança com propósito.
Valorizar e multiplicar referências femininas
Dar visibilidade a mulheres inspiradoras é essencial. Reconhecer e celebrar conquistas cria uma cultura de exemplo e continuidade.
O protagonismo feminino no Direito é mais do que uma meta, é um movimento de transformação coletiva.
Quando as mulheres ocupam espaços de decisão e moldam políticas institucionais, todo o ecossistema jurídico se torna mais ético, diverso e representativo.
A presença feminina já é uma realidade. Agora, o desafio e a oportunidade é converter essa presença em influência, impacto e legado.
💜 Ser protagonista é mais do que ocupar espaços, é transformar o ambiente para que outras mulheres também possam brilhar.