A força das redes femininas no Direito
O Direito é, por natureza, um campo de poder, influência e construção social.
Durante décadas, o acesso das mulheres a esse campo foi restrito, primeiro por barreiras formais, depois por barreiras simbólicas. Mesmo com a presença crescente nas universidades e tribunais, a participação feminina ainda encontra limites estruturais, especialmente nos espaços de decisão e liderança.
De acordo com dados do CNJ (2023), as mulheres representam 39% da magistratura brasileira, mas apenas 22% ocupam posições nos tribunais superiores. No Ministério Público, segundo o CNMP (2022), elas são 41% do total de membros, mas menos de 20% dos cargos de chefia. Esses números evidenciam que estar presente não significa ser ouvida.
É nesse contexto que as redes femininas surgem como forças de transformação.
Elas não apenas ampliam a representatividade, mas redefinem o significado de pertencimento e poder no Direito. Conectar mulheres é criar pontes de aprendizado, mentoria e influência que desafiam estruturas historicamente excludentes.
Um levantamento conduzido pela Harvard Business Review (HBR, 2022) identificou que mulheres com redes de apoio ativas têm 2,5 vezes mais chances de alcançar cargos de liderança do que aquelas com conexões limitadas. Essa diferença não está apenas na quantidade de contatos, mas na qualidade das relações, a rede certa oferece suporte emocional, visibilidade e oportunidades reais de ascensão.
No Direito, onde relações de confiança são essenciais, o networking feminino é um capital estratégico. Ele rompe o isolamento profissional, fomenta colaboração entre pares e permite que mais mulheres se tornem referência em suas áreas.
Em outras palavras, o networking é o elo invisível que transforma presença em influência.
Por que networking ainda é um desafio para mulheres
Apesar de sua importância, o networking continua sendo um desafio para muitas mulheres e isso não é por falta de competência ou ambição, mas por desigualdades estruturais e culturais profundamente enraizadas.
A pesquisa LinkedIn Global Gender Report (2023) mostrou que apenas 36% das mulheres afirmam investir tempo em networking profissional, contra 52% dos homens. As principais razões incluem:
- Sobrecarga de responsabilidades domésticas (ainda majoritariamente feminina);
- Falta de tempo e de espaços acolhedores para troca profissional;
- Insegurança e sub-representação em ambientes de poder;
- Falta de modelos femininos de sucesso que estimulem essa prática.
Esse dado se conecta com outro: segundo o IBGE (PNAD 2023), as mulheres brasileiras dedicam, em média, 9,6 horas semanais a mais que os homens em afazeres domésticos e cuidados não remunerados. Essa diferença impacta diretamente na participação em eventos, fóruns e encontros de networking, essenciais para o crescimento profissional.
Além disso, persiste o viés de gênero: enquanto o networking masculino é reconhecido como ferramenta estratégica de negócios, o networking feminino ainda é frequentemente visto como “social” ou “emocional”. Essa percepção reduz o reconhecimento do valor das conexões entre mulheres, invisibilizando seu papel como motor de influência e inovação.
No campo jurídico, essa desigualdade se manifesta de forma ainda mais clara. O estudo “Mulheres na Advocacia Brasileira”, da OAB Nacional (2022), revelou que apesar de as mulheres já representarem 51% dos profissionais inscritos na Ordem, elas são menos de 30% em posições de liderança em escritórios e departamentos jurídicos. Esses dados não apenas ilustram a disparidade, mas reforçam a urgência de fortalecer redes que promovam acesso, visibilidade e ascensão equitativa.
Como o networking feminino transforma carreiras e o mercado
O networking é mais do que uma ferramenta de crescimento: é um ecossistema de oportunidades.
No caso das mulheres, ele cumpre três funções essenciais: visibilidade, pertencimento e influência.
1. Visibilidade que gera oportunidades
Em um mercado movido por reputação e credibilidade, ser lembrada e indicada faz toda a diferença. Mulheres que se apoiam e se recomendam ampliam o alcance umas das outras, criando um efeito multiplicador que redefine a dinâmica de poder.
Um levantamento da Forbes Brasil (2023) mostrou que 83% das mulheres em cargos de liderança reconhecem que o networking foi decisivo em suas trajetórias profissionais. Mais que contatos, são conexões que geram reconhecimento e abrem portas para novas posições, convites e parcerias.
2. Pertencimento e fortalecimento emocional
As redes femininas também são espaços de acolhimento e validação. Mulheres que compartilham desafios semelhantes encontram nelas apoio emocional e intelectual, essencial para sustentar trajetórias de alta performance em ambientes desafiadores.
Estudos da Harvard Kennedy School (2021) mostram que a sensação de pertencimento em redes femininas reduz em até 40% os índices de burnout e isolamento profissional.
3. Influência e transformação sistêmica
Quando mulheres se organizam em rede, elas alteram a estrutura de poder. No Direito, isso se traduz em maior pluralidade de perspectivas em decisões, maior sensibilidade social nas políticas públicas e um impacto concreto na justiça e na equidade.
A ONU Mulheres (2023) destaca que a presença feminina em espaços de decisão aumenta em até 30% a adoção de políticas de equidade e diversidade institucional. Portanto, fortalecer redes de mulheres não é apenas um ato de empoderamento individual, é uma estratégia de transformação social.
O papel do WLM nessa transformação
O Women in Law Mentoring Brazil (WLM) é um dos maiores exemplos de como as redes femininas podem transformar o mercado jurídico brasileiro.
Fundado com o propósito de conectar, inspirar e desenvolver mulheres no Direito, o WLM atua há mais de 10 anos com uma metodologia baseada em mentoria, capacitação e colaboração. A rede já conta com milhares de associadas em diferentes regiões do país e do mundo, reunindo profissionais de escritórios, empresas, academia e setor público.
Os Grupos de Trabalho (GTs) e Grupos de Estudo (GEs) da associação são exemplos práticos de como o networking se materializa: neles, associadas compartilham experiências, constroem conhecimento técnico e desenvolvem projetos com impacto nacional.
Através de iniciativas como o Clube do Livro, os eventos abertos e a newsletter “Protagonismo Feminino em Foco”, o WLM amplia a visibilidade das mulheres no Direito, promovendo um diálogo que combina técnica e propósito.
O diferencial do WLM está em transformar networking em protagonismo coletivo: não se trata apenas de estar conectada, mas de usar a rede para gerar impacto, criar oportunidades e inspirar outras mulheres a fazerem o mesmo.
Boas práticas e histórias de impacto
Fortalecer redes femininas exige intenção, consistência e generosidade. A seguir, algumas boas práticas que sintetizam o que o WLM tem construído ao longo de sua trajetória:
1. Participar ativamente dos grupos
O networking não se faz à distância. Presença, contribuição e escuta ativa são o combustível da rede.
2. Valorizar as conquistas de outras mulheres
Celebrar publicamente o sucesso de outra profissional é uma forma de quebrar o ciclo de competição e fortalecer a sororidade.
3. Oferecer mentoria e pedir orientação
Trocas intergeracionais enriquecem o aprendizado mútuo e mantêm o ecossistema em constante renovação.
4. Compartilhar conhecimento e experiências
Artigos, palestras e depoimentos ajudam a visibilizar temas relevantes e inspirar outras mulheres a se posicionarem com confiança.
5. Criar pontes entre diferentes áreas do Direito
A diversidade de trajetórias é uma das maiores riquezas do WLM. Conectar advogadas, acadêmicas, magistradas e gestoras amplia horizontes e gera inovação.
Histórias reais comprovam o impacto dessa rede: associadas que ingressaram como mentoradas, hoje coordenam GTs, lideram projetos, se tornaram referência nacional em suas áreas e, inclusive, se tornaram mentoras do ciclo de mentoria, entregando e compartilhando suas trajetórias com jovens advogadas. Essas trajetórias reforçam que o protagonismo feminino floresce em ambientes onde colaboração e reconhecimento caminham juntos.
Um convite para se conectar e transformar
O futuro do Direito é colaborativo, diverso e digital e o protagonismo feminino é parte essencial dessa evolução. O networking entre mulheres não é sobre autopromoção, mas sobre aliança e transformação coletiva. É sobre entender que, quando uma mulher avança, toda a rede avança junto.
Em um cenário onde ainda existem barreiras à equidade, construir e fortalecer redes é uma forma de resistência e liderança.
O WLM acredita que conexões movem o mundo.
E que, no Direito, cada laço construído entre mulheres é também um passo em direção a um sistema mais justo, humano e plural.
Se você acredita nisso, associe-se ao WLM e faça parte dessa rede que inspira, conecta e transforma.
Fontes e referências
- CNJ (2023) – Perfil da Magistratura Brasileira
- OAB Nacional (2022) – Mulheres na Advocacia Brasileira
- Harvard Business Review (2022) – “How Women Build Their Networks—and Why They Work”
- LinkedIn Global Gender Report (2023)
- ONU Mulheres (2023) – “Mulheres no Poder e na Política”
- McKinsey & Company (2023) – “Women in the Workplace”
- Harvard Kennedy School (2021) – “Belonging and Burnout in Professional Women”
- Forbes Brasil (2023) – “Networking é Fundamental para as Carreiras das Mulheres”
- IBGE – PNAD Contínua 2023


