marca pessoal no jurídico

Como construir e proteger sua marca pessoal no jurídico: guia estratégico para advogadas

A marca pessoal deixou de ser uma tendência pontual do marketing jurídico e se consolidou como um dos pilares centrais para o desenvolvimento de carreira na advocacia contemporânea. Em um mercado cada vez mais competitivo, orientado por tecnologia e com pressões crescentes por produtividade e especialização, a capacidade de comunicar valor tornou-se tão essencial quanto a competência técnica. Para mulheres, esse cenário ganha ainda mais complexidade, já que a sub-representação feminina em espaços de liderança reforça a necessidade de visibilidade estratégica e construção de reputação ao longo do tempo.

Este guia foi elaborado especialmente para advogadas que desejam fortalecer sua presença profissional, traduzir sua experiência de forma clara e acessível e construir uma reputação sólida em um ambiente jurídico que evolui em ritmo acelerado.

Por que a marca pessoal importa para mulheres no Direito?

Antes de falarmos sobre técnicas, é importante observar a estrutura do mercado jurídico brasileiro e como ela afeta a trajetória das mulheres.

📌 Mulheres representam cerca de 50% dos profissionais da advocacia, segundo dados da OAB.
📌 Entretanto, ocupam menos de 20% dos cargos de liderança em escritórios e departamentos jurídicos.
📌 Em posições de sócia, essa porcentagem pode ser ainda menor, dependendo do porte do escritório.

Esses números revelam uma realidade sensível: a competência feminina não é a barreira para a ascensão. O que falta, muitas vezes, é estrutura de visibilidade, reconhecimento e oportunidades proporcionais. E é justamente nesse ponto que a marca pessoal se torna uma ferramenta de transformação profissional.

Marca pessoal é a forma como você se posiciona, comunica seu valor e constrói percepção de autoridade, mesmo quando não está fisicamente presente.
Ela não é sobre autopromoção vazia, e sim sobre clareza, consistência e estratégia.

O que é marca pessoal no jurídico? (e o que não é)

Marca pessoal NÃO é:

✘ postar todos os dias no LinkedIn
✘ virar influenciadora
✘ produzir conteúdo apenas para “aparecer”
✘ tentar falar sobre todos os temas jurídicos ao mesmo tempo

Marca pessoal É:

✔ traduzir sua competência e experiência em conteúdos compreensíveis
✔ comunicar com clareza quem você é e o que você entrega
✔ construir presença digital e offline alinhada aos seus valores
✔ consolidar reputação como fonte confiável e referência
✔ ocupar espaços com segurança estratégica e intencionalidade

Para mulheres no Direito, isso significa ser lembrada, indicada, consultada e reconhecida.

Os pilares da marca pessoal para advogadas

1) Identidade profissional: quem você é no jurídico?

Toda marca começa por clareza e a ausência de clareza costuma ser o principal motivo de bloqueio quando as advogadas tentam comunicar valor. Isso ocorre, muitas vezes, porque:

• Desempenham atividades muito diversas
• ainda não têm um posicionamento definido
• Receiam se especializar por medo de perder oportunidades
• Acreditam que precisam agradar a todos
• Temem parecer arrogantes ao expor seus diferenciais

O primeiro passo é definir sua identidade jurídica, que servirá como base para todas as outras decisões.

Perguntas que ajudam:

• Em quais temas você é realmente forte?
• Qual área deseja consolidar a médio e longo prazo?
• Que percepções você gostaria que fossem associadas ao seu nome?
• Qual é o território de autoridade que você quer ocupar?

Crie seu território de autoridade com três camadas:

1. Temas principais (core)
Assuntos centrais onde você quer construir reconhecimento e profundidade.

2. Temas adjacentes
Tópicos que dialogam com sua atuação principal e ajudam a demonstrar repertório.

3. Temas humanizadores
Valores, experiências e perspectivas pessoais que geram identificação e proximidade.

2) Posicionamento: como você quer ser percebida?

Se você não define seu posicionamento, o mercado define por você e, normalmente, não é a seu favor.

O posicionamento é a lente pela qual as pessoas, colegas, clientes e lideranças interpretam sua atuação profissional. Ele sustenta sua narrativa de carreira e orienta todas as suas escolhas de comunicação.

Para construir um posicionamento jurídico sólido, responda:

• Qual problema você resolve?
• Para quem?
• De que forma?
• Com qual estilo profissional você entrega soluções?

Um bom posicionamento não é apenas técnico; ele é estratégico, coerente e sustentável ao longo do tempo.

3) Presença digital estratégica (não é sobre aparecer, é sobre ser encontrada)

Muitas advogadas têm receio de produzir conteúdo ou de se expor nas redes, mas é importante compreender que a presença digital jurídica não existe para inflar vaidade — e sim para consolidar credibilidade.

Ser encontrada pelas oportunidades certas exige consistência e profissionalismo, não volume.

As plataformas mais importantes:

LinkedIn: onde sua marca ganha autoridade

Hoje, é o ambiente mais relevante do jurídico para quem busca:

• Reconhecimento
• Conexões estratégicas
• Oportunidades de liderança
• Reputação digital sólida

Checklist de perfil estratégico:

✔ Foto e banner profissionais
✔ Headline clara e especializada
✔ Resumo com narrativa estruturada
✔ Conteúdos frequentes e alinhados ao posicionamento
✔ Engajamento qualificado, não mecânico
✔ Conexões genuínas e estrategicamente construídas

Instagram: conexão e humanização

É uma rede que favorece proximidade e autenticidade. Boa para mostrar:

• Bastidores da vida jurídica
• Rotina de desenvolvimento profissional
• Participação no WLM
• Eventos, mentorias e práticas de liderança feminina

É uma rede emocional, complementar ao LinkedIn.

Google: sua reputação ativa

Grande parte da sua “memória profissional” digital será registrada no Google — e isso pode trabalhar a seu favor.

Boas práticas:

✔ Publique artigos técnicos
✔ Participe de entrevistas e lives
✔ Seja mencionada em veículos profissionais
✔ Associe seu nome a temas relevantes

4) Networking intencional (online e offline)

Networking não é sobre quantidade de contatos, e sim sobre relações genuínas que sustentam sua trajetória.

Para mulheres, que historicamente tiveram menos acesso a espaços informais de influência, o networking intencional é uma das ferramentas mais potentes para romper barreiras estruturais.

Como fazer networking como liderança feminina:

• Participe de GTs e grupos do WLM
• Conecte-se verdadeiramente com outras advogadas do seu nicho
• Apresente-se com clareza e intencionalidade
• Ofereça apoio e conhecimento antes de pedir algo
• Mantenha consistência entre presença digital e offline
• Participe de eventos, rodas de conversa e debates
• Invista em relações profundas, não apenas numerosas

Networking é construção, não coleta.

5) Reputação e proteção da sua marca pessoal jurídica

A reputação jurídica não é construída apenas pelo desempenho técnico ou pelo domínio sobre uma área específica do Direito. Ela se forma no conjunto de interações que você estabelece: na forma como responde a um e-mail, na maneira como dialogar com colegas, no cuidado ao tratar casos sensíveis, no comprometimento com prazos, na postura ética diante de conflitos e, principalmente, na coerência entre o que você diz e o que você faz.

No ambiente digital, essa construção se torna ainda mais delicada. Pequenos deslizes, uma opinião precipitada em um debate público, uma publicação fora de contexto, um comentário impulsivo, podem reverberar de forma desproporcional e afetar uma reputação que levou anos para ser consolidada. Por isso, proteger sua marca pessoal é um exercício contínuo, estratégico e profundamente consciente.

Boas práticas para proteger sua marca:

• Coerência entre discurso e prática
• Ética irrepreensível
• Posicionamento claro
• Auditoria da presença digital
• Cuidado com polêmicas
• Atualização constante

Dados que mostram por que advogadas precisam cuidar da marca pessoal

📌 Mulheres seguem sub representadas em posições de liderança (10% a 20%).
📌 Redes femininas ampliam oportunidades reais de ascensão.
📌 Profissionais ativas no LinkedIn têm 27% mais chances de assumirem posições de liderança.
📌 A reputação digital se tornou um fator determinante em processos de contratação, promoção e estabelecimento de parcerias jurídicas.

Esses dados revelam que investir na construção da sua marca pessoal não é apenas um recurso de crescimento, é uma ferramenta de equidade, que contribui para reduzir as desigualdades estruturais no setor jurídico.

Plano de ação em 7 passos

  1. Defina seu território de autoridade
  2. Alinhe sua comunicação e perfil profissional
  3. Atualize seu LinkedIn
  4. Produza conteúdo semanal
  5. Participe de GTs e grupos ativos
  6. Construa networking intencional
  7. Realize auditorias digitais periódicas

Sua marca é sua história em movimento

Construir e proteger sua marca pessoal jurídica não é sobre vaidade ou autopromoção.
É sobre autonomia, pertencimento, estratégia e visão de futuro.

É sobre escrever sua narrativa antes que alguém a escreva por você.
É ocupar espaços que historicamente foram negados.
É pavimentar caminhos para que outras mulheres também caminhem.
É transformar sua presença em legado.

Sua marca pessoal é a soma da sua trajetória, das suas escolhas, da sua ética e da forma como você toca o mundo pela sua atuação profissional. E, quando cultivada com intenção e consciência, ela se torna uma das forças mais poderosas da sua carreira.

O WLM existe para acompanhar essa jornada, oferecendo mentoria, conteúdo, comunidade e apoio contínuo para que cada advogada possa exercer seu protagonismo com autenticidade e segurança.Sua marca é sua. E ela é poderosa.
E quando uma mulher se fortalece, muitas outras avançam com ela.

Compartilhar este artigo: